Parece que imprimir a palavra sustentável nas embalagens dos produtos deixou de ser uma questão de responsabilidade ambiental e virou uma estratégia de marketing.

O que é indiscutível, é que existe uma necessidade urgente de rever nosso modo de consumo e o impacto que causamos ao planeta sem cair nas armadilhas do mercado.
Porém, existe também uma galera que só consegue enxergar novas oportunidades de acumular dinheiro, mesmo que isso custe a integridade da biodiversidade existente aqui.
Essa é uma relação muito delicada e extremamente perigosa pois coloca em questão a confiança que precisamos depositar nos fornecedores de produtos e serviços. Quando empresas se dispõem a enganar seus clientes e potenciais consumidores, a confiabilidade fica comprometida em vários níveis. Citaremos 5 deles:
O primeiro nível é a relação direta com a marca. O que é desconhecido para muitos, torna-se uma grande brecha para estratégias duvidosas.
O segundo nível é colocar todo mundo dentro do mesmo balaio. Se aquela faz isso, as outras também farão.
O terceiro nível está relacionado a ética e em convencer a todos de que contar pequenas mentiras para escalar eficiência econômica é normal e aceitável.
O quarto nível é o esvaziamento da palavra que, quando empregada com a única intenção de vender mais, torna-se um atrativo mercadológico e simplesmente perde o seu sentido.
E o quinto nível é a desvalorização da responsabilidade que deveria existir por trás de um termo. Além de, claro, desvalorizar também a importância de suas ações.
Visto todos os níveis problemáticos expostos aqui, ainda precisamos lidar com o fato de que algumas vezes, eu disse algumas vezes, não há consciência por trás dessas ações maldosas. Há até “boa intenção”.
Como assim “boa intenção”?
Com um conhecimento raso e limitado quanto a complexidade da realidade em que vivemos, é possível ter “boa intenção”, motivada por pura e simples ignorância.
Mesmo com o desenvolvimento exponencial da tecnologia e a globalização da informação, o conhecimento sobre a real situação do nosso planeta ainda é ignorado. E isso explica os empreendedores que buscam ganhar dinheiro sem se importar com todo o resto.
Mas, por outro lado, tem gente fazendo barulho e os negócios com propósito estão conquistando seu espaço no mundo business. Os ecossistemas de impacto regenerativo chegaram com uma nova proposta de uma economia mais justa, limpa e consciente. Aspectos que definitivamente não engloba a maioria dos negócios atuais.
Dentro dessa nova proposta, a ética mercadológica é essencial, além de ser um grande diferencial para quem deseja se destacar.
Enquanto esses ecossistemas não são largamente difundidos no mundo, precisaremos pensar em formas de nos blindarmos contra os charlatões.
E para não cair nessas emboscadas é preciso pensar na forma de consumo, e na linha tênue entre excesso e necessidade. Antes de comprar, questione-se: eu preciso? É realmente útil? Posso substituir? Além de se informar de maneira meticulosa, ter senso crítico apurado e questionar, sempre.
Essas são algumas chaves que auxiliam o consumidor, tornando-o mais conscientes quanto ao seu lugar no mundo.
Como podemos ver, esse não é um assunto simples e nem tem solução rápida. Mas, falar a respeito e buscar alternativas para enfraquecer esse tipo de prática já pode ser considerado um bom começo.
Por trás de tudo isso está nossa essência, nossa capacidade de discernir e nossa integridade. Ser enganado por interesses econômicos individuais e egocêntricos não é algo a se orgulhar, pelo contrário, deve causar indignação a todos.
Portanto, sejamos atentos, pois o cuidado reverbera.
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