
Avanços tecnológicos, globalização e mundo virtual não são os principais causadores do acúmulo de lixo eletrônico no planeta Terra.
Ao contrário do que se pensa, a cultura do descarte começou na década de 30, quando indústrias de países capitalistas passaram por um período de crise, chamada de Grande Depressão.
A estratégia desenvolvida foi reduzir deliberadamente o tempo de vida útil das mercadorias. Assim, fez crescer o consumo em alta escala, gerando cada vez mais demanda e lucro para essas indústrias.

Com uma solução aparentemente satisfatória e eficiente, a crise econômica se desfez e as empresas conseguiram vender seus produtos encalhados. No entanto, a prática vem sendo aperfeiçoada ao longo dos anos, e as indústrias cada vez mais buscam inovações tecnológicas, que na maioria das vezes estão associadas as emoções dos consumidores, para aumentar suas vendas.

O avanço da tecnologia, que deveria auxiliar em padrões de vidas mais saudáveis e sustentáveis, vem, na verdade, auxiliando as indústrias para fazer crescer o consumo e gerar lucro. O impacto causado pela aceleração da vida útil desses produtos – dentre eles estão celulares, computadores e eletrodomésticos – fez aumentar também a geração de resíduos nocivos para a saúde no mundo todo, principalmente em países pobres.
Mas o lixo é somente a ponta do iceberg. Há toda uma cadeia destrutiva por trás da obsolescência programada, também conhecida como obsolescência planejada, que inclui:
poluição, devido aos metais pesados e materiais não biodegradáveis dos aparelhos eletrônicos;
desperdícios energéticos e de recursos naturais;
e aumento da desigualdade social, visto que a produção conta com mão de obra barata e até escrava.
Definitivamente o mundo vem sofrendo com tantos interesses econômicos, e aqui incluo o mundo inteiro e todas as formas de vida. As consequências são constatadas todos os dias: aquecimento global, estiagem, queimadas, fome, miséria e guerra.
Todos os esforços feitos para conter o aquecimento global e outros fenômenos que assombram o mundo não serão suficientes se não lançarmos olhares atentos para o consumo exacerbado e para obsolescência planejada. É preciso conter essas estratégias mercadológicas destruidoras através de regulamentação e leis de proteção social e ambiental.

A partir de um controle das práticas industriais e da conscientização de um consumo sadio, então teremos resultados satisfatórios dos esforços de preservação e regeneração. Cada indivíduo pode colaborar através do seu próprio consumo, optando pelo que é realmente necessário e não se deixar enganar pelas estratégias do mercado.
Do contrário, continuaremos desperdiçando energia!
Fotos: Obras do artista plástico Marcos Sanchs, feitas a partir do lixo eletrônico da Coopermiti.
Coopermiti é uma cooperativa sem fins lucrativos, que atua na triagem dos resíduos eletroeletrônicos (lixo eletrônico, lixo tecnológico ou e-lixo) e recicláveis secos no Brasil, sediada em São Paulo. Se quiser saber mais, acesse o site https://coopermiti.com.br/.
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