Um bate-papo com Robson Borges, membro ativista da Manifesta Capital, integrante do Movimento Popular de Favelas e atuante dos movimentos
cooperativistas do Rio.

Robinho Liberdade, como é popularmente conhecido, foi criado no Complexo do Alemão, em Ramos. Ele é um dos fundadores da cooperativa de trabalho sócio ambiental Eu Quero Liberdade Ltda Cooperativa, que tem como objetivo contribuir para a geração de trabalho e renda, extraindo e transformando diversos materiais recicláveis em matéria prima. Hoje, Robson trabalha com a tecnologia Konlix, que transforma resíduos sólidos em tijolos ecológicos.
“Aprendi a tirar o meu sustento dos resíduos. O que muitos viam como lixo, pra mim foi oportunidade para ressocialização. Do lixo, nós podemos fabricar tijolos, construir casas e mudar a vida das pessoas.”

Nesse bate-papo, o Robson contou pra gente um pouco da sua trajetória e como ele conseguiu se desvencilhar de uma vida perigosa e “sem futuro” - onde muitos meninos se encontram hoje, nas comunidades cariocas - através do trabalho cooperativo e da reciclagem.
Quem é o Robson?
Uma pessoa que vê no cooperativismo uma oportunidade para ressocializar, reabilitar e regenerar pessoas, transformando os passivos residuais em ativos. Uma proposta regenerativa social e ambiental.
Conte 2 papéis fundamentais da cooperativa: 1 para a regeneração social e 1 para a regeneração ambiental.
Social: Um papel fundamental por parte das cooperativas de reciclagem é agregar saúde à população local onde atua, resgatar a praça para mais qualidade de vida e tudo isso transformando corpos marginalizados e excluídos em agentes de transformação regenerativa.
Ambiental: É a contribuição possível na coleta seletiva, porque inserir um resíduo na cadeia da reciclagem é contribuir para a logística reversa, é preservar os recursos naturais e isso é complementar a regeneração do planeta.
Por que colaborar é tão importante para a mudança?
Porque foi através da colaboração que tive a oportunidade de humanizar-me. A Colaboração me permitiu alimentar a família, com isso minhas ações foram pacificadas, meus hábitos ganharam margens para ser modificados, assim também meu comportamento e isso me trouxe resiliência e a oportunidade de pacificação e distanciamento dos conflitos. Eu ganhei, a sociedade ganhou, e o governo reduziu custos de saúde e segurança.
O Robson aprendeu a colaborar quando?
Aprendi a colaborar após o sistema prisional em 2004, quando me vi excluído, cercado pelo preconceito (em casa e fora dela) e sem oportunidade. Era escolher pela informalidade, ou me despir para começar de novo, e foi assim que me deparei com a reciclagem e o cooperativismo. Onde percebi que na transformação dos resíduos é possível transformar as pessoas também!

3 conselhos para quem deseja causar mudanças (sociais ou ambientais) através do trabalho cooperativo:
Amar, pois sem amor não se faz nada.
Fazer mesmo que você pareça o único, pois foi assim Deus criou o mundo.
Iniciar mesmo que o retorno seja para as próximas gerações.
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